Oficinas sobre gestão de negócios e formação de preços capacitam mulheres produtoras do Cariri


O ‘Projeto Mulheres do Cariri’, em mais uma de suas ações, viabilizou no começo do mês de junho dois encontros temáticos com as produtoras atendidas pelo projeto. As oficinas de capacitação abordaram temas referentes à gestão de empreendimentos e formação de preços com encontros realizados durante os dias 09 e 10, no município do Congo, localizado no Cariri da Paraíba. As oficinas reuniram cerca de 70 mulheres.

Segundo o facilitador das oficinas, e também um dos coordenadores do Projeto, Ronildo Monteiro, na ocasião as produtoras puderam refletir sobre a tipologia dos empreendimentos, suas características e finalidades que se identificam com práticas de empreendimentos econômicos solidários. “Apresentamos e exercitamos instrumentos de controle financeiro, de estoque e de formação do preço dos produtos”, acrescentou Monteiro.

Outro ponto abordado nas capacitações foi o diálogo sobre a administração das sobras e como aplica-las para proporcionar novos investimentos e manutenção das produções. As mulheres puderam esclarecer como organizar melhor as finanças e reservar parte dela para atender as necessidades básicas das envolvidas.

Os grupos atendidos nesta iniciativa foram os de horta, de beneficiamento do peixe e de reaproveitamento de recicláveis, dos municípios do Congo, Monteiro, Prata, Camalaú e Sumé. Os temas abordados na oficina foram propostos pelos próprios grupos que sentiam a necessidades de maior capacitação e conhecimento no âmbito do empreendedorismo e negócios.



Próximas oficinas- Com a sistemática de capacitação permanente o ‘Projeto Mulheres do Cariri’ já tem três temas para serem trabalhados em novas oficinas que devem acontecer entre agosto e setembro deste ano. Para os grupos de hortas será ministrada a oficina sobre ‘Aproveitamento Integral dos Alimentos’. Para as mulheres que trabalham com o beneficiamento do peixe, a oficina abordará produção de alimentos com peixe (Traíra) desfiado e difusão de receitas culinárias. Já o grupo envolvido na fabricação de vassouras ecológicas deve ser capacitado na melhoria da qualidade da confecção dos produtos e para a introdução de novos itens em sua linha de produção.   


O ‘Projeto Mulheres Rurais Autonomia e Empoderamento no Cariri Paraibano’ é executado pelas parcerias do Cunhã Coletivo Feminista, Concern Universal, Centro da Mulher 08 de Março e Projeto Dom Hélder Câmara (PDHC), e organização vinculadas (Gajuc, Cooperativa Vínculos e Copagel), com o cofinanciamento da União Européia. As ações do Projeto visam beneficiar mais de três mil pessoas, entre mulheres e familiares, com impacto na geração de renda e maior igualdade nas relações de poder até o final de 2014.

Comissão Parlamentar recomenda mudanças na Lei Maria da Penha

Em relatório entregue pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investiga a violência contra a mulher, foram recomendadas mudanças pontuais na Lei Maria da Penha (1134/06). As alterações sugeridas estão ligadas a tipificação do feminicídio (assassinato de mulheres por serem mulheres, ou seja, crimes ligados ao gênero) como agravante do crime de homicídio e alterações na Lei dos Crimes de Tortura (9.455/97). 

Além das propostas sugeridas na Maria da Penha, a Comissão descreveu 68 contundentes recomendações gerais aos governos Federal, estaduais e municipais, e a todo o sistema judiciário. Foram apresentadas também sugestões específicas às 27 unidades federativas para o combate à violência contra a mulher. 

Ao todo, no documento, são propostos 12 projetos de lei, um projeto de lei complementar e um projeto de resolução. O relatório também sugere a ampliação de possibilidade para as vítimas de violência de obterem benefícios públicos, como o auxílio transitório. Todas as ações apontadas pela CPMI são fruto de uma discussão bastante aprofundada durante mais de um ano de trabalho. A comissão esteve em 18 estados e ouviu diversos depoimentos.

Mapa da Violência - Segundo dados do Instituto Sangari, em parceria com o Ministério da Justiça, 92 mil mulheres foram assassinadas no Brasil nos últimos trinta anos, 43 mil delas só na última década.  Entre 1980 e 2010, dobrou o índice de assassinatos de mulheres no país, passando de 2,3 assassinatos por 100 mil mulheres para 4,6 assassinatos por 100 mil mulheres. Esse número coloca o Brasil na sétima posição mundial em assassinatos de mulheres ,figurando, assim, dentre os países mais violentos do mundo nesse aspecto.


Pescadores artesanais e aquicultores familiares terão acesso a crédito para modernizar produção


Pescadores artesanais e aquicultores familiares poderão ter acesso à linha de crédito do Programa Mais Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que permite investir em modernização de aquisição de máquinas e equipamentos necessários à produção.

As formas de inclusão destes produtores nesta linha de crédito do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) está em discussão entre o MDA e o Ministério da Aquicultura e Pesca (MPA).

“O setor de pesca e aquicultura ainda é pouco explorado pela agricultura familiar e a disponibilização de crédito para financiar máquinas e equipamentos adequados poderá mudar a participação e a produção de pescado pela agricultura familiar”, explica o coordenador do Programa Mais Alimentos do MDA, Marco Antônio Viana Leite.

Para o coordenador-geral de incentivo e apoio ao crédito do MPA, Evandro Barros de Carvalho, o objetivo é estreitar o relacionamento com o MDA “e proporcionar as vantagens oferecidas pelo Programa Mais Alimentos ao nosso público, também”. O país conta com 1,1 milhão de pescadores e 10 mil aquicultores registrados, além de outros 50 mil já identificados.

Na Paraíba, através da Concern Universal, Cunhã Coletivo Feminista, Projeto Dom Helder Camara e o Centro da Mulher 8 de Março, comunidades de mulheres pescadoras e que trabalham no beneficiamento do peixe são apoiadas em suas iniciativas. Ligadas ao projeto ' Mulheres do Cariri', um dos grupos mais fortalecidos em sua produção é o Agripesca, localizado no município de Camalaú, sendo um dos 30 integrantes do Projeto. 

Com o trabalho de beneficiamento e desfilamento da carne da Traíra, peixe de água doce com muitas espinhas e desapreciado pela pesca tradicional, o grupo em 2011, antes da chegada do Projeto, conseguiu comercializar 833 kg. Já em 2012, fecharam o ano com a produção de mais de duas toneladas de Traíra beneficiada, um crescimento de 240%. As mulheres integrantes hoje relatam que podem comprar o que desejam com o seu dinheiro, que as relações com os maridos melhoraram pela valorização do trabalho feminino e apoio dos homens.

(com informações do Portal Planalto)

Nova legislação previdenciária beneficia agricultores familiares


Começaram a vigorar as novas regras previdenciárias que beneficiam agricultores familiares que são segurados especiais. Um dos dispositivos da Medida Provisória amplia o conceito de segurado especial para os trabalhadores rurais, ao permitir que estes segurados tenham registro como pessoa jurídica (CNPJ). 

O objetivo é estimular a formalização dessas pessoas. Até então, pelas leis previdenciárias, agricultores familiares e outros beneficiários da Lei da Agricultura Familiar poderiam desenvolver atividades agroindustriais, de turismo rural e artesanato, sem sua descaracterização como segurados especiais.

No entanto, para a formalização nessas iniciativas, na maioria das vezes, é exigida a criação de uma pessoa jurídica – seja por regulamentos sanitários ou questões fiscais e tributárias. Isso enquadrava os segurados em outra categoria da Previdência Social, a de contribuinte individual (pequeno empresário), levando à consequente perda da qualidade de segurado especial.

O resultado é que a maioria desses segurados continuava desenvolvendo as atividades, mas de maneira informal. Agora, eles manterão sua categoria previdenciária ao participar de empresa, individual ou em sociedade, de objeto ou âmbito agrícola, agroindustrial ou agroturístico, considerada microempresa, desde que a pessoa jurídica seja composta apenas de segurados de igual natureza e que esta empresa tenha sede no mesmo município ou em município limítrofe àquele em que eles desenvolvam suas atividades.

Fonte: Ministério da Previdência


Imprensa paraibana recebe ação de divulgação do ‘Projeto Mulheres do Cariri’



Nos dias 5, 6 e 7 de junho, a equipe de comunicação do 'Projeto Mulheres do Cariri', formada por profissionais do Cunhã e Concern Universal Brasil, percorreram algumas das principais redações dos veículos de comunicação do Estado. A iniciativa busca a formação de parcerias para a divulgação das ações do projeto em TV’s, jornais impressos, portais de notícias e rádios locais, dentro da perspectiva do plano de visibilidade estabelecido.

Na ocasião foram visitadas as redações do Jornal da Paraíba, representado pela editora chefa, Angélica Lúcio, e pela editora interina do caderno de economia, Eliane Cristina; o Jornal Correio da Paraíba, representado pelo subeditor do caderno de economia, Thadeu Rodrigues; o Jornal A União, representado pelo editor geral, William Pereira, pelo editor adjunto Clóvis Roberto e pela editora adjunta, Renata Ferreira; e a TV Cabo Branco, filiada da Rede Globo, representada pela editora de rede, Jô Vital, e a chefe de redação, Giulliana Costa. 

Clóvis Roberto e William Pereira, editores do Jornal A União

Além da entrega dos kits, com o material de divulgação do projeto, foram dialogadas diversas possibilidades de parcerias, como a construção de matérias especiais, conteúdos sobre o projeto e disseminação de campanhas, com foco principal no 25 de julho, quando é comemorado o Dia da Agricultora.  A ação ainda se estenderá sistematicamente até o final do mês de julho, onde serão visitadas outros veículos no Estado. 

Consultor da União Europeia visita a Paraíba e avalia projeto de geração de renda no Cariri


Grupos produtivos de São João do Tigre, Camalaú e Congo receberam na semana passada a visita de um consultor enviado pela União Europeia para avaliar o andamento do ‘Projeto Autonomia Mulheres do Cariri’. Atendendo oito municípios do de uma das Regiões mais secas do Estado, o projeto, que teve início em 2012, visa contribuir para o enfrentamento à pobreza e a melhoria das condições de vida das mulheres do Cariri paraibano. O ‘Projeto Autonomia Mulheres do Cariri’ congrega grupos de mulheres que trabalham com Renda Renascença, horticultura orgânica, vassouras ecológicas, pesca e beneficiamento de peixe.
A avaliação do Projeto, que é executado pelo Cunhã Coletivo Feminista e Concern Universal Brasil, entidade ligada a Concern Universal, com base na Inglaterra que apoia ações de desenvolvimento local na América Latina, iniciou-se com uma reunião no Insa (Instituto do Semiárido), em Campina Grande, onde toda a equipe apresentou as ações desenvolvidas no primeiro ano do projeto. Com a facilitação de oficinas, capacitações, encontro e acompanhamentos permanentes dos grupos, o Projeto já conseguiu a adesão e participação de cerca de 400 mulheres do Cariri.
Seguindo com a programação de visitas in loco a caravana pode dialogar com o prefeito e secretários do município de São João do Tigre, além de conhecer a experiência de duas comunidades de mulheres produtoras de Renda Renascença. Em Camalaú o consultor da União Europeia pode deparar-se com a organização de um grupo de mulheres que trabalham no beneficiamento da Traíra, peixe que contém muitas espinhas, mas que se desfiado tem na sua carne um amplo poder de comercialização.
Além dos dois municípios, a caravana de avaliação teve sua ultima escala no Congo, onde foram reconhecidos grupos de pesca, de reaproveitamento de resíduos sólidos, com a fabricação de vassouras ecológicas de PET e hortas orgânicas.  
De acordo com a diretora da Concern Universal Brasil, Angela Brightling, a oportunidade de receber um consultor para avaliar o Projeto no meio do seu andamento foi um ótimo auxilio para reestruturar algumas ações, já que encontra-se um grande desafio, o de superar os impactos da estiagem prolongada. Para ela a visão de um profissional que atua avaliando outros projetos em todo o país vai ajudar a toda equipe a alcançar os objetivos qualitativos previstos até 2014. Além dos municípios de São João do Tigre, Camalaú e Congo o ‘Projeto Autonomia Mulheres do Cariri’ atua nas cidades Monteiro, Prata, Sumé, São Sebastião do Umbuzeiro e Soledade.


 

Quem cuida da casa?

O articulista da Revista Época escreveu essa semana sobre o desafio dos homens aderirem à divisão do trabalho reprodutivo com suas companheiras. 

"Há 50 anos, quando a Betty Friedan escreveu A mística feminina, elas exigiam o direito de trabalhar fora. Conseguiram. Agora, no início do século 21, exigem que nós também trabalhemos dentro de casa - e conseguirão da mesma forma, provavelmente em menos tempo. É uma simples questão de racionalidade e de justiça. Pense no fim da servidão doméstica de metade da humanidade."

Leia o artigo completo clicando aqui.

Trabalho remunerado e trabalho doméstico: uma tensão permanente


Pesquisa feita pelo Data Popular em parceria com o SOS Corpo – Instituto Feminista pela Democracia comprova que a maior participação das mulheres no trabalho remunerado não foi acompanhada de mudanças na divisão sexual do trabalho doméstico, nem na oferta de políticas públicas.
Foram entrevistadas 800 mulheres de nove capitais brasileiras, além de Brasília, com idade entre 18 e 64 anos e que possuíam algum tipo de trabalho remunerado. A pesquisa foi realizada entre os dias 29 de junho de 2012 e 7 de julho de 2012.

As entrevistadas apontam a existência de uma tensão entre ter um trabalho remunerado, que dá autonomia, e ter que se afastar das responsabilidades com o trabalho doméstico e o cuidado com os filhos. Sobre a concordância com a frase: “Se eu pudesse, eu pararia de trabalhar para cuidar da casa”, observa-se que, quanto menor a renda, maior a vontade de parar de trabalhar: 59% expressam esse desejo na classe D; 37% na classe C; e 32% na classe AB.

Leia mais sobre a pesquisa no site +Direitos +Poder para as mulheres brasileiras.

Trabalho produtivo x trabalho reprodutivo

Os termos trabalho produtivo e trabalho reprodutivo podem gerar alguma inquietação e dúvidas entre quem está, de alguma forma, acompanhando a campanha "Trabalho de mulher tem valor. Dentro e fora de casa."

O trabalho produtivo é todo aquele que resulta na produção de bens ou serviços com valor econômica no mercado. Ele diz respeito essencialmente ao trabalho realizado na esfera pública e profissional. Seja como empregada, seja como empregadora, seja como produtora, a mulher ocupa cada vez mais o espaço do trabalho produtivo na sociedade. 

Já o trabalho reprodutivo é aquele desempenhado na intimidade do lar: os cuidados com a limpeza da casa, com a alimentação da família, com a criação dos filhos, com a manutenção em geral do ambiente familiar. De acordo com as Nações Unidas, é a base de todo trabalho que tem um valor econômico, embora não seja pago, nem seja social ou politicamente valorizado e, quase sempre relegado exclusivamente às mulheres da casa, sejam as esposas, sejam as filhas.

91% das mulheres economicamente ativas também trabalham em casa

Dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) confirmam: enquanto 91% das mulheres que são economicamente ativas também fazem tarefas domésticas, apenas 51% dos homens vive a mesma situação, apesar de ambos terem dupla jornada de trabalho. Além disso, o que também torna esta divisão injusta é a quantidade de horas dedicas ao trabalho doméstico: uma média de 20,8 horas semanais para mulheres contra 9,1 horas para os homens.

Uma análise destes dados feita pelas professoras Hildete Pereira de Melo e Marta Castilho, da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense, concluiu o seguinte sobre esta situação:


"Uma característica importante do trabalho reprodutivo é que ele é tão mais importante 
quanto menor for o grau de instrução dos trabalhadores, embora a volume médio de horas 
dedicado a afazeres mesmo para as mulheres mais escolarizadas seja mais do que o dobro de 
horas dos homens com o mesmo grau de instrução (ver Tabela 5). Esta diferença é maior no 
caso das mulheres do que dos homens. Uma mulher sem instrução dedica em média 54% a 
mais de tempo a afazeres do que os homens, enquanto a mesma comparação no caso 
masculino denota uma diferença de 37%. Por conseqüência, o diferencial de horas médias 
dedicadas a afazeres entre mulheres e homens cai à medida que aumenta o grau de instrução 
de ambos."

Para as professoras, "as mulheres trabalham e muito, cada vez mais envolvidas no trabalho 
produtor de mercadorias e aparentemente insubstituíveis no trabalho reprodutivo", uma situação que, segundo elas, precisa mudar.

Leia o estudo completo clicando aqui.

Mulheres ainda são vistas como as únicas responsáveis pelo trabalho doméstico

Artigo da jornalista Tuka Pereira para o portal Vírgula

Estamos em 2013, as mulheres são líderes mundiais, pilotam aviões, dirigem multinacionais e sustentam famílias... Enquanto na vida real a mulher não fica mais em casa esperando o marido pagar as contas, no mundo da publicidade o sexo feminino ainda é tratado como se vivêssemos nos anos 50.

Propagandas de produtos de limpeza retratam uma mulher que limpa a casa sozinha, numa época em que a divisão de tarefas entre os gêneros já não é uma utopia. Então por que os comerciais de detergentes, desinfetantes e sabões em pó parecem ignorar a atual constituição familiar, na qual o homem também é responsável por tarefas da casa?
Segundo a mestre em direito político e econômico e especialista em feminismo Paula Loureiro (autora do livro "Alexandra Kollontai: feminismo e socialismo - uma abordagem crítica do direito"), a publicidade, fruto de uma sociedade machista e patriarcal, apenas reforça um padrão comportamental ao qual a própria mulher se submete:
“Vivemos numa sociedade machista e patriarcal. O que a televisão faz, com suas propagandas, é apenas reforçar o padrão comportamental a que, nós mulheres, nos submetemos. Não podemos esquecer que nossa sociedade está estruturada desse jeito, com a mulher oprimida”, explica. 

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Metade das mulheres produtoras do Cariri paraibano tem renda mensal de até R$ 100


Uma pesquisa realizada pelo projeto “Mulheres Rurais: Autonomia e Empoderamento no Cariri Paraibano” revela que 48,6% das mulheres produtoras da região têm renda mensal de no máximo R$ 100. Os principais desafios enfrentados por essas mulheres são a falta de água, de matéria prima e de recursos para investir na produção e 22% delas ainda depende de atravessadores para escoar seus produtos. Mais de 46% delas vive da agricultura e da criação de animais, mas uma em cada três mantém a tradição da renda renascença. O machismo e a falta de incentivo ainda são apontados como as maiores dificuldades para essas mulheres ampliarem seu trabalho produtivo, além da falta de reconhecimento do trabalho doméstico, que acumulam com a produção.

A pesquisa foi coordenada pela pesquisadora Gloria Rabay a convite da Concern Universal e Cunhã Coletivo Feminista, entidades realizadoras do projeto, e será a motivação do Seminário Mulheres, Trabalho e Autonomia no Cariri Paraibano, que acontece nesta quarta, dia 20, no auditório da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em Monteiro. O levantamento dos dados foi realizado no segundo semestre de 2012 e envolveu não apenas mulheres produtoras, mas também gestores e autoridades da região. O Seminário se inicia às 9h e também contará com o lançamento da campanha “Trabalho de mulher tem valor. Dentro e fora de casa”, que quer contribuir para a valorização da dupla jornada de trabalho das mulheres como um caminho possível para sua autonomia e para o desenvolvimento local.

Repercussão - A realização do Seminário repercutiu na mídia local, com diversas publicações. Veja algumas delas:

Autonomia e Empoderamento

A Cunhã Coletivo Feminista foi fundada em 1990, em João Pessoa, no estado da Paraíba, região Nordeste do Brasil. Tem como missão promover a igualdade de gênero, tendo como referências os direitos humanos, o feminismo, a justiça social e a democracia. Contribui para o fortalecimento do ideário feminista e da organização das mulheres na Paraíba e no Nordeste do Brasil, em articulação e parceria com organizações locais, regionais, nacionais e internacionais.
A Associação Concern Universal Brasil é uma instituição privada, sem fins lucrativos, de apoio e promoção social, voltada para a consolidação dos princípios da justiça social, da solidariedade e dos direitos humanos. Está ligada à Concern Universal, com base na Inglaterra.
As duas organizações desenvolvem em parceria o projeto Mulheres Rurais: autonomia e empoderamento no Cariri Paraibano, que tem como objetivo geral contribuir para o enfrentamento à pobreza e a melhoria das condições de vida das mulheres rurais do Cariri Paraibano, com duração de três anos (2012-2014).
As ações estão sendo realizadas em oito municípios da região do no Cariri Ocidental Cariri paraibano (Camalaú, Congo, Monteiro, Prata, Sumé, São João do Tigre, São Sebastião do Umbuzeiro, e Soledade), onde a Cunhã possui um escritório sediado em Monteiro, e é cofinanciado pela União Europeia. 

Trabalho Produtivo e Trabalho Reprodutivo


Em todo o mundo, mulheres e homens vivem condições desiguais em relação ao trabalho. Isto varia de acordo com as relações de gênero, classe e raça, de forma geral. Além destas, outras questões podem reforçar/influenciar nestas desigualdades, como a cultura, as origens regionais (meio urbano ou rural, países mais ricos ou mais pobres, do Sul ou do Norte), ou a forma de cada um ou cada uma viver sua sexualidade.

Porém, no mundo do trabalho, uma questão central que colabora para as desigualdades entre homens e mulheres é a divisão sexual do trabalho, o trabalho produtivo e o reprodutivo. Através da história, a divisão sexual do trabalho significou que as mulheres ficassem encarregadas do trabalho reprodutivo: doméstico, ligado à manutenção da casa e da família, invisível e não remunerado. Aos homens coube trabalho produtivo, remunerado, e associado à esfera pública, fora de casa, reservada ao chefe da família.

Quando se trata do “mundo rural”, esta divisão manifesta-se de forma perversa para as mulheres, porque muitos dos afazeres domésticos estavam e ainda estão relacionados à “ajudar na roça”, cuidar das cabras e galinhas, por exemplo. Para os homens, este trabalho tem um valor, mas, para as mulheres, acabou se tornando uma extensão do trabalho reprodutivo, já pesado e invisível, onde as mulheres são sobrecarregadas, com a tripla jornada de trabalho.

Desenvolvimento com justiça socioambiental


Um em cada quatro brasileiros que vivem no campo está em situação de extrema pobreza. No Nordeste, 48,5% dessa população são mulheres, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Historicamente, e principalmente no meio rural, as mulheres são as mais afetadas pela extrema pobreza. As dificuldades começam com a falta de documentos até a dificuldade de acesso às políticas públicas, como os créditos de financiamento agrícola.

O trabalho gera autonomia econômica para as mulheres e contribui para melhores condições de vida de suas famílias, comunidades e municípios, numa perspectiva de justiça socioambiental, promovendo os direitos humanos, a participação das mulheres e a convivência harmônica com o semiárido.

A partir de seus processos coletivos de organização nos grupos produtivos, as mulheres se fortalecem como sujeitos políticos em suas localidades e fora delas. Atuam em espaços de participação e implementação das políticas públicas, como conselhos, fóruns e comissões, colaborando para a melhoria das condições de vida de suas comunidades e municípios.

Mas enquanto as tarefas domésticas forem assumidas quase que exclusivamente pelas mulheres e filhas e não compartilhadas com seus companheiros e filhos, a sobrecarga das mulheres continuará e as desigualdades também. Para que as mulheres desenvolvam seu trabalho produtivo, o trabalho reprodutivo precisa ser dividido como todas as pessoas da casa. 

Apoio à produção das mulheres


Nos últimos anos, diversas políticas públicas foram construídas para fortalecer o trabalho das mulheres rurais, do campo e da floresta, com linhas específicas para apoiar projetos de grupos produtivos. No entanto, as mulheres rurais precisam também de apoio na produção e comercialização em suas cidades e regiões.

Para fortalecer sua autonomia, é importante também que gestores, empresários, comerciantes e outras autoridades de suas comunidades e municípios reconheçam que as mulheres produzem e colaboram para a melhoria das condições de vida de suas famílias, gerando renda também para suas comunidades e municípios da Região do Cariri paraibano.

Mulheres e autonomia

Há dez anos, a Cunhã Coletivo Feminista e o Centro da Mulher 8 de Março, em parceria com o Projeto Dom Helder Câmara, do Ministério do Desenvolvimento Agrário iniciaram sua atuação junto à realidade das trabalhadoras rurais da região do Cariri paraibano, visando contribuir para sua autonomia e para o enfrentamento às desigualdades de gênero na região. Apoiar a produção assim como divulgar como e o quanto essas mulheres produzem tem sido um desafio para todas as organizações envolvidas nesta ação.

Desde 2012, este trabalho conta ainda com a parceria da Concern Universal e co-financiamento da União Europeia, através do projeto Mulheres Rurais: autonomia e empoderamento no Cariri Paraibano. O projeto tem como objetivo geral contribuir para o enfrentamento à pobreza e a melhoria das condições de vida das mulheres rurais do Cariri Paraibano e suas ações serão realizadas no Cariri Ocidental. As ações são realizadas em oito municípios da região: Camalaú, Congo, Monteiro, Prata, Sumé, São João do Tigre, São Sebastião do Umbuzeiro e Soledade.